A boxeadora italiana Angela Carini subiu no ringue nas Olimpíadas de Paris para competir na categoria até 66 kg contra Imane Khelif, uma boxeadora argelina. Após segundos de luta, Carini se ajoelhou no chão e começou a chorar, solicitando a interrupção da luta. "Eu subi no ringue para lutar, não me rendi, mas um soco me machucou muito, e eu pedi para parar", contou a italiana.
A desistência de Angela ocorre em meio a uma polêmica envolvendo Imane Khelif, que foi desclassificada do mundial de boxe no ano passado por não ter passado em um teste de gênero. Apesar dessa desclassificação, Khelif foi admitida para competir nos Jogos Olímpicos de Paris.
A luta entre a italiana e a argelina atraiu a atenção de membros do governo italiano, incluindo a premiê de direita Giorgia Meloni, que expressaram descontentamento com a disputa, argumentando que não era "entre iguais". O ministro italiano do Esporte, Andrea Abodi, afirmou na última quinta-feira (31/7) que "o evento que representa os mais altos valores do esporte deveria garantir a segurança dos atletas e o respeito da competição em igualdade de condições".
Imane Khelif, no entanto, afirma ter nascido mulher e não se identifica como transgênero. A Associação Internacional de Boxe (IBA) desclassificou a argelina alegando que ela não cumpriu os requisitos para competir nas categorias femininas, mas não divulgou detalhes sobre os testes realizados. A IBA está suspensa do Comitê Olímpico Internacional (COI) desde 2019 por problemas administrativos.
Outros ministros italianos definiram Imane como "homem", exacerbando o debate sobre a participação de atletas em competições femininas e a necessidade de condições equitativas e seguras para todas as competidoras.
A desistência de Carini não apenas destaca a controvérsia em torno da participação de Khelif, mas também levanta questões sobre a administração de regras de gênero nos esportes e a integridade das competições olímpicas.