A Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) de Rondonópolis concluiu a investigação que resultou na Operação Infiltrados, deflagrada no dia 27 de setembro, e apontou indícios de que uma associação atuava para fortalecer uma organização criminosa nos bairros da região da Vila Operária, onde o grupo controlava o tráfico de drogas.
A Associação dos Familiares e Amigos de Recuperandos de Rondonópolis (Afar) foi alvo de mandados de busca e apreensão, além do bloqueio de bens e valores. A presidente da associação, L.V.D.C., de 29 anos, foi presa durante a operação. A decisão judicial também determinou a suspensão das atividades da Afar e o bloqueio de repasses financeiros da Prefeitura de Rondonópolis.
Segundo as investigações, a Afar vinha recebendo R$ 120 mil anuais da prefeitura desde abril de 2024, por meio de um termo de colaboração. A associação foi declarada de utilidade pública pela Lei 13.161/2023, aprovada pela Câmara Municipal.
Associação era usada para lavagem de dinheiro e assistencialismo
As apurações da Polícia Civil indicaram que a Afar era utilizada para lavar dinheiro e promover atividades assistenciais em benefício de uma facção criminosa, além de auxiliar na candidatura de um advogado ao cargo de vereador nas eleições de 2024. Eventos como bingos, rifas e torneios de futebol eram realizados para angariar fundos, que, oficialmente, seriam destinados a ações sociais, como a distribuição de cestas básicas.
As investigações também revelaram que essas ações assistencialistas eram uma estratégia da facção para se aproximar da comunidade, especialmente de jovens e crianças, difundindo a ideologia criminosa através de ajuda social aparentemente inofensiva.
A presidente da Afar, L.V.D.C., é irmã de dois líderes do tráfico de drogas na região da Vila Operária, que abrange 21 bairros de Rondonópolis. Ambos, juntamente com outra irmã, são foragidos e foram alvos da operação. Os três já haviam sido investigados na Operação Reditus, de 2018.
Uso político e envolvimento com facção criminosa
Durante a Operação Infiltrados, a Derf reuniu provas de que a Afar também servia para angariar apoio popular com fins políticos, promovendo a candidatura de A.C.C.C., advogado da associação, à Câmara de Vereadores de Rondonópolis. O grupo utilizava redes sociais e aplicativos de mensagens para organizar campanhas, obrigando os membros a participarem ativamente e divulgarem mensagens em favor da facção e da candidatura.
Entre 2021 e 2024, durante prisões de suspeitos ligados à facção, foram apreendidos diversos materiais que ligavam a Afar às atividades criminosas, como cartelas de bingo e anúncios de eventos esportivos. A associação patrocinava torneios de futebol e distribuía cestas básicas com o intuito de conquistar a simpatia da população local e recrutar novos membros para a facção.
Em 2023, materiais de campanha do advogado A.C.C.C., que disputou o cargo de deputado federal, foram apreendidos durante a Operação Fumacê, em Alto Araguaia. No mesmo ano, a Afar foi alvo da Operação Armadillo, que investigava um plano de fuga de líderes criminosos da Penitenciária Central do Estado.
Durante a abordagem na sede da associação, a presidente L.V.D.C. tentou destruir seu celular, uma prática comum entre membros de facções criminosas para proteger informações confidenciais. Contudo, o aparelho foi apreendido pela Polícia Civil.
As investigações seguem em andamento para identificar todos os envolvidos e desmantelar a estrutura criminosa por trás da Afar.
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