O grupo Carrefour, alvo de críticas e um pedido de boicote por parte do governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), continua a receber incentivos fiscais concedidos pelo Governo do Estado. A polêmica envolvendo a rede de supermercados teve início com o anúncio da empresa de suspender a compra de carne produzida no Mercosul, como parte de uma estratégia protecionista que visa dificultar um acordo comercial entre o bloco e a União Europeia. A decisão gerou forte reação do governador, que lançou uma campanha pedindo que os consumidores boicotassem as lojas da rede.
Atualmente, a rede Carrefour tem uma presença considerável em Mato Grosso, principalmente por meio da companhia Atacadão S.A., que possui 12 unidades espalhadas pelo estado. Já a marca Carrefour, mais discreta, conta com uma única loja em Sinop. A postura da empresa em relação à carne do Mercosul, foco de disputa entre produtores brasileiros e agricultores franceses, motivou o governador a manifestar publicamente seu descontentamento. "Respeitamos o direito do Carrefour de selecionar os seus fornecedores, entretanto, se o Brasil não serve para vender carne para eles, então essa empresa não deveria ser bem vista aqui", declarou Mendes.
O pedido de boicote feito por Mauro Mendes rapidamente repercutiu nas redes sociais e até ganhou destaque na imprensa nacional. Na sexta-feira (22), o governador reforçou sua posição em uma entrevista à CNN, onde continuou a defender o movimento de boicote à empresa.
Contudo, o que gerou mais controvérsia na situação é o fato de que, enquanto o governo estadual critica publicamente o Carrefour, o grupo continua a ser beneficiado com incentivos fiscais do Estado, especialmente em relação a diversos produtos, incluindo a carne, que foi o cerne da polêmica. Esses incentivos são parte de uma política de atração de investimentos e estímulo à economia local, mas agora são alvo de questionamentos diante do contexto da disputa sobre as compras de carne no Mercosul.
A situação expõe um paradoxo, onde o apoio financeiro do governo ao grupo Carrefour contrasta com as críticas públicas feitas por seu governador. Isso levanta um debate sobre o papel dos incentivos fiscais e sobre até que ponto o apoio governamental deve ser condicionado a posturas empresariais em questões internacionais, como acordos comerciais e suas implicações econômicas.