O governador Mauro Mendes (União) classificou como "desproporcional" a reação da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato Grosso (OAB-MT), à defesa do procurador-geral Deosdete da Cruz Junior pela gravação de conversas entre advogados e clientes presos. A polêmica começou após Deosdete sugerir a medida durante o anúncio do programa Tolerância Zero ao Crime Organizado.
“Achei desproporcional a reação. Respeito opiniões, mas advogados cometem crimes, assim como juízes, engenheiros e políticos. Não vi o procurador-geral atacar a advocacia como um todo, mas sim comentar que alguns advogados atuam como pombo-correio para faccionados”, disse Mendes.
O governador também mencionou a Operação Fair Play, deflagrada recentemente, na qual um advogado é suspeito de atuar como laranja de um criminoso perigoso. “A OAB defende os bons advogados, e os maus, como qualquer outro profissional que comete crimes, devem ser punidos. Não podemos tratar crimes como uma ofensa à classe, mas sim como algo que precisa de justiça”, reforçou Mendes.
A OAB-MT, presidida por Gisela Cardoso, interpôs uma ação judicial contra o procurador-geral na última terça-feira (26), alegando que a proposta viola o sigilo entre advogado e cliente, uma garantia constitucional. “O sigilo advogado/cliente é absoluto. Não podemos admitir que esse direito fundamental seja relativizado”, afirmou Cardoso.
A discussão segue polarizada, com a OAB-MT defendendo a prerrogativa profissional da classe e o governo estadual reforçando a necessidade de medidas rigorosas contra o crime organizado.