A reprovação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no mercado financeiro chegou ao patamar de 90%, conforme pesquisa realizada pela Genial Investimentos e pela Quaest. O levantamento, feito entre 29 de novembro e 3 de dezembro, reflete a insatisfação do mercado após o anúncio do novo pacote de contenção de gastos pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em 27 de novembro.
Foram entrevistados 105 gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão de fundos de investimento localizados em São Paulo e Rio de Janeiro. Na pesquisa anterior, em março deste ano, a reprovação ao governo era de 64%. O cenário mais positivo para a gestão Lula foi registrado em julho de 2023, quando 20% avaliaram o governo como positivo, mas a rejeição ainda somava 44%.
Segundo os dados mais recentes, apenas 3% dos entrevistados avaliam o governo como positivo, enquanto 7% o consideram regular.
Entre as medidas anunciadas por Haddad estão:
Embora 88% dos entrevistados tenham considerado as medidas de pente-fino positivas para cumprir as regras fiscais, 58% avaliaram o pacote como insuficiente. A ampliação da faixa de isenção do IR foi apontada por 85% dos analistas como prejudicial à economia, por representar aumento de despesas sem uma contrapartida adequada.
O governo também propôs uma alíquota mínima de até 10% no IR para quem ganha mais de R$ 50 mil mensais. Para os analistas, a medida tem alta probabilidade de aprovação no Congresso, mas o impacto fiscal é incerto.
O levantamento mostrou que 100% dos entrevistados consideram que a regra de gasto do arcabouço fiscal, que limita o crescimento real das despesas entre 0,6% e 2,5%, tem pouca ou nenhuma credibilidade. Segundo a pesquisa, a sustentabilidade das regras fiscais só seria viável a partir de 2025 ou 2026.
Apesar do cenário adverso, Fernando Haddad ainda mantém boa avaliação no mercado financeiro. Contudo, sua aprovação caiu de 50% em março para 41% em dezembro. A avaliação negativa subiu de 12% para 24%, enquanto 35% o consideram regular.
O presidente Lula, por sua vez, enfrenta um dos momentos mais críticos de seu terceiro mandato na percepção do mercado, que destaca a necessidade de ajustes mais robustos para garantir o equilíbrio fiscal e a sustentabilidade econômica do país.