Damasco, Síria – A renúncia e a fuga de Bashar al-Assad, o ex-ditador da Síria, foram confirmadas pela Rússia neste domingo (8), um de seus principais aliados internacionais, horas após os rebeldes conquistarem a capital, Damasco. A informação vem poucos dias depois de insurgentes entrarem na cidade e anunciarem a queda do regime que perdurou por mais de 20 anos.
A tomada de Damasco, anunciada na noite de sábado (7), foi recebida com celebrações por parte dos residentes da capital. Milhares de pessoas se reuniram em uma praça central, agitando bandeiras e cantando por liberdade, após décadas de domínio da família Assad. Além disso, centenas de detentos foram libertados de um complexo prisional nas proximidades da cidade.
Em meio à celebração, insurgentes invadiram o palácio presidencial e a embaixada do Irã, aliado importante do regime, saqueando e destruindo o local. Por sua vez, o comando do Exército sírio foi notificado da queda do regime, segundo relatos de um militar à agência Reuters, embora o Exército tenha negado oficialmente, alegando continuar com as operações contra "grupos terroristas" nas cidades de Hama, Homs e Daraa.
O Hezbollah, um dos grupos que forneceu apoio crucial ao regime de Assad, retirou suas forças de segurança da Síria no sábado, de acordo com autoridades locais. Essa retirada reflete a fragilidade do regime, que, desde a invasão de Aleppo no final de novembro, viu suas defesas desmoronarem em várias partes do país.
A sucessão de derrotas das forças do regime nos últimos dias inclui a tomada de outras importantes cidades, como Hama, Homs, Aleppo, Deir al-Zor, Quneitra, Deraa e Suweida. O HTS (Organização para a Libertação do Levante), ligada à Al Qaeda, tem sido a principal força rebelde, embora sua coalizão não seja homogênea. Em Daraa, por exemplo, um grupo se juntou aos rebeldes apenas no início de dezembro.
Embora o conflito na Síria tenha permanecido estagnado desde 2020, o apoio geopolítico internacional desempenhou um papel significativo na queda de Assad. Durante anos, o regime se manteve com o auxílio de aliados como a Rússia, que frequentemente bombardeava áreas controladas pelos rebeldes, e o Irã, que enviou forças do Hezbollah e milícias iraquianas.
No entanto, o foco da Rússia na Guerra da Ucrânia e as perdas do Hezbollah na guerra contra Israel limitaram consideravelmente a ajuda ao regime sírio. O futuro da Síria permanece incerto, com o risco de uma retomada da guerra civil, que já matou 500 mil pessoas e forçou o deslocamento de mais de 6 milhões.
Em algumas cidades controladas pelos insurgentes, como Homs, a notícia da queda de Assad provocou manifestações de celebração, com sírios dançando e cantando nas ruas. Quando os rebeldes anunciaram a vitória em Homs, frases como "Assad se foi, Homs está livre" e "Viva a Síria e abaixo Bashar al-Assad" ecoaram pelos bairros da cidade.