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Eleição de Tancredo Neves completa 40 anos e destaca a luta pela democracia

Em meio a desafios e avanços, o legado de 1985 continua inspirando a defesa das instituições democráticas

Mizael Duarte
Por: Mizael Duarte Fonte: Página Press
12/01/2025 às 23h10 Atualizada em 15/01/2025 às 09h22
Eleição de Tancredo Neves completa 40 anos e destaca a luta pela democracia
Tancredo discursa logo após ser eleito presidente da República pelo Colégio Eleitoral - Foto: Agência Senado

Na próxima quarta-feira (15), a eleição indireta de Tancredo Neves à Presidência da República completa 40 anos, marcando um momento histórico no processo de redemocratização do Brasil. Realizada em 1985, a votação pelo Colégio Eleitoral representou a transição do regime militar para um governo civil, após 21 anos de ditadura.

Com 480 votos contra 180 destinados a Paulo Maluf, Tancredo tornou-se o primeiro presidente civil do período democrático, em uma eleição que simbolizou o triunfo do Estado de Direito. Apesar do otimismo, a transição foi conturbada. A morte de Tancredo em abril de 1985 levou seu vice, José Sarney, a assumir o comando, garantindo a continuidade do processo democrático.

O legado das Diretas Já e o contexto atual

A eleição indireta só foi necessária devido ao fracasso da Emenda Dante de Oliveira, que buscava o retorno das eleições diretas, mas não conseguiu aprovação no Congresso em 1984. Embora simbólica, a escolha de Tancredo evidenciou as complexas negociações entre políticos e militares para pôr fim ao regime autoritário.

Mesmo 40 anos depois, o alerta democrático continua atual. As revelações recentes sobre supostas tentativas de ruptura institucional durante o governo Bolsonaro destacam a fragilidade do sistema. Para o ex-deputado Airton Soares, que votou em Tancredo, "a instabilidade ainda passa pelos militares", e a vigilância cívica é essencial.

Os desafios e as conquistas da democracia

Tancredo, em seu discurso de vitória, exaltou o papel das Forças Armadas ao permanecerem afastadas do processo político e clamou pela união cívica contra o autoritarismo. Desde então, o Brasil tem enfrentado momentos críticos, como o impeachment de Collor em 1992 e o ataque às instituições democráticas em 8 de janeiro de 2023.

Pesquisas recentes do Datafolha revelam que 69% dos brasileiros preferem a democracia, uma queda em relação ao pico de 79% em 2022. Contudo, apenas 8% veem a ditadura como aceitável em certas circunstâncias, e 52% acreditam que o Brasil não corre risco de retroceder para um regime autoritário.

A construção democrática como processo contínuo

Organizações como o Pacto pela Democracia e a Comissão Arns continuam trabalhando para fortalecer o regime democrático. Propostas incluem a despolitização das forças de segurança e a defesa do sistema eleitoral. Para Marina Slhessarenko Barreto, pesquisadora do Cebrap, "a democracia é um processo em constante construção".

Ao celebrar os 40 anos da eleição de Tancredo, reconhece-se que, apesar das imperfeições, o Brasil avançou significativamente no fortalecimento das instituições democráticas. "Devemos comemorar os avanços desde a eleição de Tancredo e continuar lutando pela preservação do regime", conclui a cientista política.

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