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Carga de farelo de soja é recusada no Porto de Paranaguá e empresa denuncia irregularidades

Empresa do setor agropecuário contesta decisão e alega tentativa de extorsão no processo de liberação das cargas

Por: Redação Fonte: Página Press
16/03/2025 às 11h39 Atualizada em 29/03/2025 às 10h03
Carga de farelo de soja é recusada no Porto de Paranaguá e empresa denuncia irregularidades
Reprodução

Um dos principais complexos portuários do Brasil, o Porto de Paranaguá, foi palco de uma polêmica após a recusa de cargas de farelo de soja destinadas à exportação. A empresa Queiroz Agro, sediada em Mato Grosso, afirmou que suas cargas foram barradas sob a alegação de alta presença de areia no produto, mas sem que houvesse análise laboratorial para comprovar a irregularidade.

Segundo a Queiroz Agro, a recusa ocorreu no dia 16 de janeiro de 2025, quando algumas de suas cargas foram rejeitadas apenas por avaliação visual. Diante da situação, a empresa solicitou uma nova coleta de amostras acompanhada por autoridades portuárias para realizar uma contraprova laboratorial, mas teve o pedido negado. O Porto alegou que uma nova normativa do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) embasava a decisão, embora, segundo a empresa, o documento ainda não estivesse aprovado nem assinado.

Com a negativa, a Queiroz Agro contratou uma certificadora independente para realizar as análises. Os testes apontaram índices de sílica/areia entre 0,16% e 0,29%, valores inferiores ao limite permitido pela normativa ANEC 71, que regula a qualidade do farelo para exportação. A empresa ressaltou que os caminhões testados pertenciam ao mesmo lote das cargas rejeitadas no Porto, reforçando que não havia adulteracão.

Denúncia de tentativa de extorsão

Além da contestação sobre a recusa, a Queiroz Agro denunciou uma tentativa de extorsão. Uma fonte do Porto, que preferiu não se identificar, relatou que, no dia 18 de janeiro, representantes de algumas empresas começaram a receber mensagens e ligações de um indivíduo que se identificou como “funcionário do porto”. Ele teria oferecido liberação das cargas mediante pagamento de aproximadamente R$ 2.000,00 por carga.

A mesma pessoa enviou prints de planilhas internas de agendamento do Porto, contendo informações sobre as cargas programadas para os dias seguintes. Diante da suspeita de irregularidade, a fonte informou que as conversas foram encaminhadas às autoridades competentes para investigação.

Destino das cargas e impactos no setor

Sem conseguir reverter a decisão, as 12 cargas de farelo de soja da Queiroz Agro, que totalizavam aproximadamente 440 toneladas, foram devolvidas a Mato Grosso e destinadas à compostagem sob supervisão do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). No entanto, um vídeo anônimo que circulou nas redes sociais mostrou farelo de soja sendo despejado em um aterro em Paranaguá, associando erroneamente a empresa ao descarte. A Queiroz Agro negou qualquer envolvimento e afirmou que a gravação foi uma tentativa de prejudicar sua imagem.

A situação levantou questionamentos sobre os procedimentos de inspeção no Porto de Paranaguá, um dos principais pontos de escoamento da produção brasileira de soja. Exportadores e transportadoras criticam a falta de transparência no processo de análise e fiscalização, o que pode impactar a credibilidade do produto brasileiro no mercado internacional.

Posicionamento da empresa

Em nota, a Queiroz Agro reforçou seu compromisso com a qualidade e a transparência, destacando que seu farelo de soja atende aos padrões da ANEC 71 e possui certificação GMP+, exigida por clientes que demandam altos controles de qualidade. “Nosso foco é esclarecer os fatos e minimizar os danos morais, pois o prejuízo financeiro deixamos em segundo plano”, declarou a empresa.

As investigações sobre o caso seguem em andamento para apurar possíveis irregularidades no Porto de Paranaguá.

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