A ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, desembarcou em São Paulo na noite desta quarta-feira (16/4), após deixar Brasília em voo comercial acompanhado do filho mais novo, de 14 anos. O deslocamento ocorre um dia após ela se refugiar na Embaixada do Brasil em Lima, capital peruana, onde buscou asilo diplomático provisório diante de uma sentença judicial que a condenou a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro.
A viagem entre Lima e Brasília foi realizada em aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), após o governo do Peru emitir salvo-conduto permitindo a saída da ex-primeira-dama e do filho, apesar da condenação. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o Brasil concedeu asilo diplomático provisório, e agora analisa formalmente o pedido de refúgio feito por Nadine.
A condenação de Heredia está relacionada a esquemas de financiamento ilegal de campanhas políticas, envolvendo a construtora brasileira Odebrecht — atual Novonor — e o governo do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez. De acordo com o Ministério Público peruano, cerca de US$ 3 milhões foram repassados à campanha presidencial de 2011 de Ollanta Humala, marido de Nadine, eleito pelo Partido Nacionalista Peruano, do qual ela é cofundadora.
Além de Heredia, Humala também foi condenado à mesma pena de 15 anos de prisão. A defesa do ex-presidente anunciou que irá recorrer da sentença.
A Odebrecht admitiu, em 2016, ter realizado pagamentos ilegais em diversos países da América Latina, e o escândalo atingiu ao menos quatro ex-presidentes do Peru: além de Humala, Alan García (2006–2011), Pedro Pablo Kuczynski (2016–2018) e Alejandro Toledo (2001–2006), este último condenado em 2024 a mais de 20 anos de prisão por corrupção.
O caso permanece em análise pelo Itamaraty, que deverá decidir nos próximos dias se concede oficialmente o status de refugiados políticos à ex-primeira-dama e ao filho.