PF aponta empresa e sócios como núcleo central em esquema de compra de decisões no STJ

Relatório parcial indica que Fource, Haroldo Augusto Filho e Valdoir Slapak estruturaram rede para influenciar julgamentos; investigação segue em andamento no STF

Reprodução

A Polícia Federal apontou a empresa Fource, com sede em Cuiabá, e seus sócios, Haroldo Augusto Filho e Valdoir Slapak, como o núcleo central de um esquema de compra de decisões judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ). As informações constam em relatório parcial enviado ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin, relator do inquérito.

De acordo com a PF, Haroldo tinha “influência direta” em gabinetes do STJ, destacando o relacionamento pessoal do empresário com a advogada Catarina Buzzi, filha do ministro Marco Buzzi. A investigação também aponta que Haroldo contratava o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves e o advogado Roberto Zampieri, intermediadores do esquema — Zampieri foi assassinado em dezembro de 2023.

O relatório detalha que os sócios da Fource identificavam processos de interesse econômico e acionavam intermediários para garantir decisões favoráveis. A investigação encontrou diálogos, transferências financeiras e indícios de influência em servidores e magistrados do STJ. Entre os elementos levantados, está o pagamento de R$ 4 milhões a uma empresa aberta em nome da esposa de um servidor do tribunal.

A PF destacou que a rede envolvia “intermediários, operadores e servidores estratégicos” e configurava um mercado paralelo de decisões judiciais, com contratos milionários de advocacia e consultoria para viabilizar resultados previamente combinados. O relatório parcial indica ainda que a investigação será aprofundada, considerando a possibilidade de envolvimento de outros servidores e magistrados.

Procurados, a Fource, Catarina Buzzi e Marco Buzzi não se manifestaram. A advogada afirmou anteriormente que nunca atuou em processos de interesse de Haroldo no gabinete do pai, e o ministro negou conhecimento das relações da filha.

Segundo a PF, o relatório parcial estabelece a base indiciária para avanço das diligências e atribuição de responsabilidades penais, mas não encerra a investigação. O caso segue sob análise do STF, que poderá determinar novas medidas.

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