Facção usava influenciadores digitais para divulgar raspadinhas ilegais em mais de 20 cidades de MT

Operação Raspadinha do Crime revelou que jogos ilegais eram divulgados por influenciadores digitais e movimentavam recursos em mais de 20 cidades do estado

Divulgação

A Polícia Civil de Mato Grosso desarticulou um esquema de jogos de azar controlado por uma facção criminosa e divulgado por influenciadores digitais. A operação, batizada de Raspadinha do Crime, foi deflagrada na terça-feira (14) e revelou que mais de 80% dos lucros obtidos com a venda das “raspadinhas” eram destinados ao financiamento das atividades da organização.

As investigações foram conduzidas pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e pela Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Draco), em conjunto com a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco).

Estrutura do esquema

Segundo a Polícia Civil, a facção instalou núcleos regionais em mais de 20 municípios de Mato Grosso, coordenados por integrantes conhecidos como “irmãos da facção”. Eles eram responsáveis pela distribuição dos bilhetes, arrecadação de valores e controle contábil dos pontos de venda, chamados de “quebradas”.

A divisão dos lucros seguia uma estrutura fixa: 10% ficavam com o distribuidor local, 10% com o comerciante que revendia as raspadinhas e 80% eram encaminhados ao núcleo financeiro da facção, por meio de contas de “laranjas”.

Os “irmãos” também eram encarregados de intimidar comerciantes e acionar a “disciplina” da facção sempre que as regras internas eram desrespeitadas, mantendo a ordem e a lucratividade do esquema.

Divulgação nas redes sociais

As raspadinhas eram apresentadas como uma ação promocional chamada “Raspa Brasil”, lançada oficialmente em 23 de março de 2025 nas redes sociais. O grupo criminoso usava influenciadores digitais, inclusive menores de idade, para divulgar os jogos e atrair compradores.

Uma jovem influenciadora chegou a se apresentar como “representante” da marca, publicando dezenas de vídeos em que associava sua imagem à suposta promoção. A estratégia buscava mascarar o vínculo com o crime organizado e legitimar a prática ilegal.

Comerciantes, donos de bares e pequenas distribuidoras também participavam da divulgação, ampliando a presença da “marca” no interior do estado.

Envio e prêmios falsos

De acordo com as investigações, as raspadinhas eram transportadas por empresas comuns, acompanhadas de notas de carga simuladas para disfarçar o conteúdo. Cada unidade era vendida por R$ 5, com a promessa de prêmios de até R$ 50 mil.

O pagamento dos supostos prêmios era feito por QR Code, que direcionava os ganhadores a um número de WhatsApp. No entanto, a polícia afirma que nenhum prêmio superior a R$ 100 foi comprovado durante as apreensões.

Continuidade das investigações

As autoridades seguem analisando os materiais apreendidos e identificando os influenciadores e comerciantes envolvidos na divulgação dos jogos. O objetivo é localizar os responsáveis financeiros e interromper o fluxo de recursos que abastecia a facção criminosa.

A Polícia Civil destacou que a operação representa um golpe significativo contra o financiamento do crime organizado em Mato Grosso, especialmente por atingir a estrutura econômica e de comunicação usada pela facção para ampliar sua influência no estado.

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